quinta-feira, 13 de outubro de 2011

[A caminho de Santiago pelo caminho S.Salvador e Primitivo] Etapa 2 - 03 Outubro: Pajares - Oviedo

Ao contrário do que aconteceu no albergue de León, desta vez dormimos bem mas o pequeno-almoço foram as sobras do dia anterior e um capuccino tirado na máquina.


Depois da experiência da etapa anterior ficou provado que nas próximas etapas tínhamos que andar mais e não inventar tanto para podermos chegar mais cedo aos albergues. :)

Na noite anterior a responsável pelo albergue deu-nos os contactos de um albergue particular em Oviedo caso o oficial já tivesse cheio que era o mais provável. Para além disso também nos deu indicações para seguirmos o camiño, seguindo por um vale em vez de irmos pela montanha.

Começámos a andar e descemos pela estrada à procura do corte que nos tinham falado mas por distracção, e pela velocidade que estávamos a atingir, não o encontrámos e quando nos apercebemos já estávamos no desvio para o percurso de montanha e assim que entrámos no trilho começámos a subir, o caminho era bastante inclinado e com muita pedra solta e seguia pela encosta acima deixando prever que permaneceria assim durante uns bons kms.


A determinada altura deixámos de ver indicações, o caminho deixou de estar marcado, e houve alguns momentos de dúvida sobre onde este nos levaria.


Ao terminar a primeira subida, sem indicações visíveis, optamos por um corte a descer, atravessando um grande terreno com uma casa, no meio da montanha, e ficámos a saber que o caminho estava de facto mal marcado e que o melhor era seguir por um trilho que contornava a montanha até encontrar uma igreja. Daí conseguiríamos voltar a encontrar as marcações.


Seguimos pelo trilho, agora ciclável, e mais uma vez falhamos o caminho.


Ao olhar para trás, ao fundo, via-se a igreja onde deveríamos ter passado! Como até aqui o nosso sentido de orientação estava a funcionar na perfeição optámos por seguir até encontrar outro corte em vez de voltar para trás. Mas os cortes que iam aparecendo acabavam sempre em becos sem saída! Até que o próprio caminho principal acabou num beco sem saída, cortado pela linha de caminho de ferro. Nessa altura não havia nada a fazer a não ser voltar para trás.
Percorremos poucos metros e eis que o Pedro tem uma ideia brilhante. Que tal regressar ao albergue para ir buscar o telemóvel que ficou lá esquecido. Tínhamos feito cerca de 13km em montanha que nos demoraram 2h30m. Bora voltar para trás! 
A parte boa nisto foi que o caminho de volta era descer. Um pouco depois estávamos de regresso ao ponto de partida do caminho! Ou seja fizemos um pequeno “aquecimento” na zona antes de começar a etapa!:)
Ao chegar à estrada o Pedro e o Fernando subiram até Pajares e o Daniel e o Kemp desceram até à próxima vila em busca de comida. Quando voltamos a agrupar, em Campomanes, ninguém falava de outra coisa senão na descida de 15kms com 600mts de desnível onde se proferiram frases sensatas como “não ultrapasses o camião”!
Depois de comer, bebemos um café, carimbámos a credencial e seguimos viagem para compensar o percalço. Até Pola de Lena fomos sempre por trilho, quase sempre em single-track.


Ao chegar a Pola de Lena fomos advertidos por um polícia local por circularmos em contra-mão na via pública! Apanhámos um bom susto porque o sr agente atravessou a viatura no meio da estrada. Coisa de Hollywood! Depois da advertência lá seguimos com atenção redobrada à sinalização. Até Mieres formamos um pelotão durante 10kms pela estrada e por uma ciclovia paralela à A-66.


Nesta, ainda parámos para encher os bidons de água e comer uma sandes de chouriço (que depois de tanto tempo na mochila mais parecia banha de porco).


Em Mieres fizemos uma paragem rápida para café, e sellar a credencial.


Depois até chegar a Oviedo o caminho seguiu maioritariamente por estrada com alguns single-tracks pelo meio para animar o caminho.




O Outono fez das suas e graças aos muitos ouriços dos castanheiros que havia pelo caminho ainda houve tempo para um furo.


Ao chegar a Oviedo fomos procurar a Catedral de S. Salvador; no entanto quando chegámos já estava a fechar e não foi possível fazer a visita.


Posto isto, fomos procurar o albergue particular que nos tinham indicado. O albergue era uma casa de estudantes com quartos individuais com tv e com cozinha e como tinha jardim ainda foi possível lavar as montadas.

Graças ao facto de termos cozinha optámos por fazer o jantar em casa (massa com atum e salada e iogurte para sobremesa)


Enquanto uns ficaram a tomar banho outros foram às compras.

O cozinheiro de serviço, impaciente, não demorou a preparar o merecido manjar.

Depois de 2 dias de muita montanha terminámos o caminho de S.Salvador.


Lições aprendidas:
Se quiserem ganhar uma história para contar para netos e tornar uma etapa de um caminho de Santiago inesquecível então deixem um telemóvel no albergue, para terem uma desculpa para voltar para trás.
Como rescaldo do caminho de São Salvador ficam paisagens inesquecíveis mas também muito tempo perdido por enganos provocados pela deficiente ou mesmo inexistente marcação do caminho. Ficamos com a sensação que mesmo com a bicicleta acabamos por fazer mais quilómetros do caminho original que os peregrinos que seguem a pé, que ao fim de alguns enganos acabam por optar por seguir por estrada. Para quem queira seguir o caminho pela montanha parece-nos que o percurso que deveríamos ter seguido e que passaria perto da aldeia de Navedo seria uma boa opção e uma boa fuga à estrada.



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