sexta-feira, 30 de outubro de 2009

1º Raid Gerês GeoTrilhos – Castro Laboreiro / Peneda (2º dia)

O segundo dia começou cedo, o objectivo principal do dia era o Santuário da Nossa Senhora da Peneda ─ O Santuário de Nossa Senhora da Peneda, em Arcos de Valdevez, na freguesia de Gavieira, a caminho da vila de Melgaço, tem como data provável de inicio da sua construção, finais do século XVIII, a julgar pela data inscrita na coluna existente ao cimo da escadaria de acesso.

Acredita-se que neste local tenha existido uma pequena ermida construída para lembrar a aparição da Senhora da Peneda, cujo culto foi crescendo e motivou a construção do santuário ─.




Seguimos então até Lamas de Mouro ─ Lamas de Mouro, em plena montanha, nesta freguesia teve lugar, no ano 812, no sítio chamado Vale do Mouro, junto ao rio Ornese, uma grande batalha em que pelejou o bravo Bernardo del Carpio (parente e vassalo de d. Afonso Henriques) contra Ali-Aton, rei de Córdova, que caiu derrotado. Escreveram alguns, por certo crendeiros, que os mouros perderam então 70 000 homens!...
Ali-Aton tinha tomado muitas terras aos lusitanos, que, em consequências desta derrota, tornou a largar ─.


Chegados a Lamas de Mouro, aproveitamos para as fotos da praxe, já que a paisagem envolvente é realmente bela.





Daí partimos em direcção ao parque eólico, visível para sudoeste de Lamas de Mouro, a cerca de 1100 metros de altitude. A subida é feita por um "estradão", um pouco demorada mas chegados lá cima a vista é deslumbrante.






Com o parque eólico a ficar para trás continuámos o nosso caminho agora em direcção a mais uma zona natural magnífica escondida entre montes.




Fizémos uma pequena paragem, para recarregar baterias e para contemplar a paisagem de um pequeno lago que é onde nasce o riacho que forma a magnifica queda de água sobranceira ao Santuário.






Depois lá seguimos em direcção ao Santuário da Nossa Senhora da Peneda. O caminho escolhido para lá chegar, foi por uma antiga calçada, que outrora serviu de acesso aos peregrinos que se deslocavam a pé ao Santuário.

Este caminho veio a tornar-se um pouco desgastante, já que a maior parte dele teve de ser feito com a bicicleta a mão e durante bastante tempo. Mas de facto valeu a pena!






Quando chegamos ao Santuário, e depois de uma pequena visita envolvente, descemos um pouco mais e acabamos por fazer um percurso junto ao rio que levou as suspensões das bicicletas ao extremo. É um caminho com muita pedra e irregular, mas nada que já não estivéssemos a espera ─ foi pena o tempo não ser suficiente para o fazer até ao final ─ .





Aproximava-se a hora de regressar, e lá seguimos nós pela estrada que nos levou novamente a Lamas de Mouro. Ainda houve tempo para mais um furo, ou melhor, dois furos, um causado por espinho e o outro causado por alguma pressa na execução da reparação, e que levou a que válvula da câmara se estragasse, sendo necessária uma nova. A parte final até ao albergue já foi feita durante a noite, o grupo já acusava algum cansaço, mas ainda houve folgo para aumentar o valor da velocidade máxima desses dois dias, aproveitando uma descida majestosa que existe na estrada até Lamas de Mouro.

Chegados ao albergue, foi tomar um duche e fazer o caminho de regresso a casa. E como diz o chefe ─ “ O pior das férias, é que depois temos de voltar...” ─


Foram dois dias espectaculares, não deu tempo para tudo, e ainda bem, porque assim ficamos com o compromisso de regressar ao local, e percorrer o famoso “Planalto”.


quinta-feira, 29 de outubro de 2009

1º Raid Gerês GeoTrilhos - Castro Laboreiro / Peneda (1º dia)


«Enquanto o corpo deambula pelas montanhas, o espírito liberta-se.»
-Hsu Hsia-k’o




O ano de 2009 foi um ano de muito trabalho. As férias de Verão foram curtas, o ano foi muito atarefado, encurtaram-se as férias do Verão para cumprir prazos de entrega e para adiantar ou resolver problemas atrasados ─ “O cliente tem sempre razão...” ─ .

Com tanta azafama, acabaram por sobrar mais dias de férias, do que o normal, para o final do ano. Foi então que surgiu a ideia, ─” E que tal tirarmos 2 dias de férias para fazermos um passeio de bicicleta ?”─.

Escusado será dizer qual foi a resposta! Mas logo surge outra ─ “ Um local porreiro para irmos?” ─ .

Não foi muito difícil chegar a acordo, depois de se ter prensado na região centro, imediatamente alguém se lembrou de que mais a norte existia uma região pouco explorada e com muitas potencialidades.

Pois é, situado no concelho de Melgaço, Castro Laboreiro foi o destino escolhido.

─ Castro Laboreiro localizada no planalto com o mesmo nome, em plena serra, numa extensa área dentro do Parque Nacional da Peneda Gerês, dista vinte e cinco quilómetros da sede do concelho.
Confronta com terras da Galiza, a norte e nascente, Gavieira (Arcos de Valdevez), a sul e poente e Lamas de Mouro, a poente.O seu nome vem de duas palavras Castrum, Castro – povoação fortificada pelo povo castrejo, de raça celta, que, depois do seu nomadismo durante milhares de anos nos planaltos, vivendo da caça e da pesca, e depois do pastoreio, se fixou nos outeiros para ali viver em comunidade e se defender das tribos invasoras, desde quinhentos anos antes de Cristo até ao século VI da era cristã: Laboreiro – do Latim “Lepus”, leporis, leporem, leporarium, lepporeiro, leboreiro.” ─ .



Os períodos que antecedem este tipo de eventos, causam sempre euforia, questões como:

─ “Já têm uma lista de material necessário?”; “Qual será o melhor caminho para lá chegar?” ─, são sinal disso mesmo.

Os dias passaram rapidamente, até porque normalmente este tipo de eventos acontece muito rapidamente.

Apesar de alguns elementos já terem ido a Castro Laboreiro, foi em visita de carro e tudo sempre muito superficial. Desta vez a ideia era usar a liberdade que a bicicleta nos permite, e fazer um conhecimento mais profundo da região.

Assim sendo, foi-se fazer o trabalho de casa, ir ao Google Earth, para ter uma primeira percepção do terreno que nos esperava, depois foi carregar os telemóveis com as tracks definidas, e por fim, acabamos por imprimiu um mapa dos locais mais importantes para se visitar.

O dia chegou, chegamos a Castro Laboreiro já depois das 11h da manhã, estacionámos logo os carros no parque do Albergue e toca a descarregar o material.

Saímos do albergue em direcção a Portos passados poucos quilómetros surgiu o furo da praxe, foi prontamente reparado e lá continuámos rumo a Portos, á medida que íamos subindo podíamos contemplar toda a beleza que se revelava até a linha do horizonte. O tempo estava perfeito, aqueles últimos dias de sol de Outono, deixavam adivinhar um primeiro dia de férias bem passado na serra.





Depois de feitos uns quilómetros em alcatrão, eis que surge um caminho á direita, e que aparentava ser uma potencial alternativa para chegar a Portos. Lá seguimos nós por esse caminho antigo, que tal como outrora, também nos dias de hoje, permite aos locais, acederem através deles as suas propriedades, servindo também de via para deslocar os animais desde as aldeias até aos locais de pastagem.

Seguíamos já no caminho quando nos deparamos com um rebanho que ocupava o caminho todo. Nestas situações o melhor mesmo é encostar, tentar não assustar os animais e tornar a nossa viagem de evasão, o menos intrusivo para com as populações locais.




Depois de um impasse, as ovelhas já um pouco agitadas, acabaram por saltar uma cerca e seguiram para um campo adjacente ao caminho, e nós finalmente lá conseguimos seguir em frente.




O caminho tinha bastante pedra solta e em algumas zonas bastante agua, tornado a pedra escorregadia, mas lá fomos progredindo e passados algumas centenas de metros, o caminho levou-nos novamente a estrada. Seguindo novamente pela estrada chegamos a Portos, onde aproveitamos para descansar um pouco e tirar umas fotos.




Montados novamente nas bicicletas e depois de termos tentado seguir por um caminho empedrado, com subida bastante técnica e que não tinha saída, acabamos por fazer uns metros para trás, pela estrada que nos tinha levado a Portos e depois acabamos por virar a esquerda num caminho de terra batida, bastante largo.





Depois de termos feito uma descida bastante radical, depará-mo-nos com um riacho, e dali para a frente o caminho parecia não ter saída. Digo parecia, porque acabamos por levar as bicicletas as costas monte acima e chegados ao cimo do monte, já tendo uma aldeia como ponto de referência, lá conseguimos inventar um caminho, caminho esse que nos levou até uma pequena ponte de pedra, a jusante do riacho que havíamos atravessado anteriormente e que servia de acesso a aldeia. Aproveitamos para nos refrescar e comer-mos o farnel.






Um dos pontos a visitar, da parte de tarde, era o Santuário da Nossa Senhora do Numão. Seguia-mos por uma estrada de alcatrão com bastante inclinação e em curva contra, curva – loucura total –, quando de repente se houve um estrondo, não eram foguetes, era sim o barulho da câmara-de-ar da roda de trás a rebentar. Câmara-de-ar ressequida, aliado ao aquecimento que os V-Brakes provocaram no aro durante a descida, terá sido essa a razão do rebentamento? È possível! Mas o que interessava era consertar rapidamente o furo e seguir o nosso caminho.



O acesso ao Santuário é feito por um "estradão" largo e que na parte final é sempre a descer. Como estava em muito bom estado para a prática do BTT (cheio de regos e valas profundas abertas pelas chuvas dos dias anteriores), a malta aproveitou esse facto para dar uso as suspensões e houve mesmo um despique, saudável, que fez com que há chegada ao Santuário o grupo estivesse com um sorriso de orelha a orelha, e com a adrenalina toda a flor da pele – muito bom mesmo –.






Ainda houve tempo para fazer uma cache ─ Geocaching ─, mas os dias no Outono são pequenos e as lanternas encomendadas, umas 3 semanas antes do passeio, não chegaram a tempo.






Objectivo era chegar ao albergue antes da noite, e lá seguimos nós por um caminho, que também faz parte de uma Pequena Rota Pedestre (PR). Ainda houve tempo para umas fotos de final de dia e rapidamente chegamos novamente a estrada que nos levou até ao ponto de partida.