Mais um percurso na Serra da Freita, desta vez realizado em conjunto com elementos do fórum 6polegadas. Inicialmente, e antes de o convite ser estendido os nossos colegas do 6polegadas(Gavião, Marco, Fernando e Filipe), a intenção era fazer um percurso bastante fácil, usar sobretudo a encosta norte da serra, para estarmos mais protegidos do calor e onde a sombra é mais abundante, assim como proporcionar uma entrada em grande ao novo elemento do grupo (Nuno, mais conhecido como o Rodinhas). Mas claro está, quando elementos com bicicletas de XC (cross country) se juntam com pessoal do AM (all Mountain), a combinação só pode gerar um tipo de vertente, o TrailBike. Foi então de acordo de todos, ou quase, que o percurso a realizar fosse o mais próximo possível de um verdadeiro TrailBike.
O ponto de encontro foi no parque de campismo do Merujal, local que costuma estar sempre com um aspecto verdejante e que se destaca, aquela altitude, da outra vegetação rasteira que povoa a serra, já que tem uma mancha de arvores de estatura considerável. Mas este ano também aqui chegou a mão criminosa, ou incauta, e acabamos por nos deparar com uma vasta zona queimada na área circundante ao parque.
Saímos do Merujal, o objectivo era chegar a Tebilhão, mas o GPS estava em dia não e depois de um pequeno contratempo, lá decidimos confiar nos nossos instintos e seguir para o destino guiados pelo sol e pela aventura.
Acabamos por apanhar um trilho que já era conhecido, no inicio foi difícil de identificar já que a ultima vez que lá tínhamos passado o trilho mais parecia um rio e nesta altura do ano as pedras estavam todas expostas.
A vantagem das serras é mesmo essa, o mesmo caminho feito em diferentes alturas do ano, é sempre algo de novo.
Até aqui o trilho é claramente mais XC, portanto o á vontade de todos os elementos do grupo em circular por ele era notório. Começamos então a descer em direcção a Tebilhão, por um caminho espectacular, por onde se vislumbrava uma pequena mancha de floresta de coníferas, própria desta altitude, e que surgia do outro lado do vale.
Aqui o á vontade já não era geral, embora o caminho se fizesse bem sem uma bicicleta de suspensão total mesmo para aqueles que já têm a técnica apurada o desconforto de uma hardtail já começava a ser notório e ainda para mais quando o trilho é realizado, como dizem os nossos colegas do 6polegadas, com uma bike com 3 séculos - “O Jo com a sua bike com 3 séculos...”- .
A restante descida até Tebilhão foi feita a grande velocidade, com curva contra curva, mas em alcatrão, para desagrado de todos os elementos do grupo – menos o Rodinhas. Infelizmente não havia alternativa viável.
Chegados a Tebilhão foi altura da malta se refrescar, aproveitando a água que corria numa levada e que outrora era usada como força motriz de uns moinhos, que ainda estão no local, onde o povo das aldeias próximas moía os cereais que a terra dava.
Revitalizado o corpo com as águas frescas da levada, era tempo de revitalizar o espírito e nada melhor que a descida - misto de calçada e terra batida – entre Tebilhão e Cabreiros.
Chegados ao fundo da descida fez-se a paragem para o almoço. O sorriso estampado no rosto de cada um era visível – descida muita louca -, o local era aprazível junto a uma ponte muito antiga sobre o rio de Frades e com muita sombra.
Depois do almoço, o resto do trilho até Cabreiros era curto mas não muito fácil, a inclinação era tal e quem resolveu subir em cima da bike notava a roda da frente a perder o contacto com o chão.
Esta parte do trilho entre Tebilhão e Cabreiros faz parte do percurso de pequena rota -PR6 – Caminho do Carteiro-.
O caminho do Carteiro liga Tebilhão a Rio de Frades a etapa entre Cabreiros e Rio de Frades é conhecido pela descida acentuada e pela sua vista imponente que proporciona ao visitante. Esta parte do percurso parece que esculpida na montanha circundando o vale profundo do rio de Frades. Neste troço do percurso existe uma sinalética explícita que proíbe todo o transito de qualquer veiculo todo o terreno, incluindo bicicletas.
O caminho é bastante perigoso e normalmente existem várias pessoas que o fazem a pé.
Impelidos pela adrenalina e pela descoberta, desta vez, resolvemos infringir a lei. Aqui o pessoal do AM estava muito mais a vontade, a geometria das bicicletas e os grandes cursos das suspensões faziam a diferença.
Mesmo assim, dada a dificuldade do percurso, a maioria acabou por fazer todo este troço, ou quase, a pé com a bicicleta a mão. Portanto a lei não foi de todo infringida, já que a maior parte do tempo fizemos um transito pedestre.
No final deste troço ainda houve tempo para uma banhoca no rio de Frades, acabamo-nos por cruzar com um grande grupo que aproveitava o leito do rio para a prática do canyoning – quem sabe um dia destes...
De volta ao trilho, fizemos uma ligação em alcatrão entre Rio de Frades e Bouceguedim, o calor infernal já se começava a sentir, o vento não circulava no vale e as encostas estavam a ferver. Em Bouceguedim lá pedimos água fresca a uma senhora e toca a aproveitar para refrescar à sombra de uma ramada.
Daqui para a frente o calvário começava, já que era necessário tornar a subir a encosta toda da serra, por um estradão completamente exposto ao sol e onde se faziam sentir 41 graus na altura em que começamos a subir. A meio da encosta o desgaste já era notório, principalmente nos colegas com as máquinas de AM mais pesadas, e com aquele calor as coisas ainda ficaram piores.
Com muito sacrifício, mas também com muita camaradagem e entre ajuda, todos os elementos chegaram a bom porto – ao Merujal local de partida -.
Como balanço, podemos dizer que este trilho deve ser feito com menos calor, deve ser evitado o troço do PR6 entre Cabreiros e Rio de Frades. Aconselhamos a seguir a sinalética, não usar as bicicletas neste troço e aproveitar para fazer este caminho a pé, numa outra altura, quem sabe se até na companhia da família.
Já estamos a pensar no próximo.....
Parabéns galera!!!
ResponderEliminarQue trajeto incrível vocês fizeram!!!
Paisagem bonita, trecho técnico e muita, muita alegria do grupo.
Esse passeio é recomendável sem dúvida nenhuma.
Um abraço e boas pedaladas ao pessoal do lado de lá do Atlântico.
PEDALADAS
Pessoal continuem a fazer estes relatos pois são eles que vão trazendo muito mais gente para pedalar.
ResponderEliminarSe não fosse o vosso blogue vejam onde estaria... :D
Abraços... :D